18 março 2018

PENSATIVO...

      Hoje, Domingo, depois de ouvir as notícias do dia, fiquei pensativo com o que se passa neste mundo. O tempo, com este semblante que tem tido (a chuva era precisa), também ajuda um pouco a pensar nas coisas que passam pela nossa frente. 
Como não tinha nada que fazer, fui ter com o meu vizinho António (que já foi falado no passado no nosso blog por causa do S. Martinho). Bati ao portão, ele veio logo. Encarando comigo disse : Olha quem está aqui. Seja bem aparecido. Então senhor Antonio o que me diz desta chuva?Olhe, é bem vinda. Entre...entre...e feche o portão!
Entramos, e dizia ele que era bom para os agricultores. Só pensar no Alentejo e não só! Pois os animais já não tinham água para beber nem pasto para comer! Mas olhe que pensando bem, nos tempos idos, se calhar chovia mais. Se calhar muita gente já não se lembra, principalmente esta malta mais nova. Nesses tempos idos, nesta altura os nossos campos ainda estavam alagados! Os animais estavam no campo em "telheiros" e tinhamos que os trazer para casa. E as vinhas? Eram podadas de barco! Ás vezes começava a chover nos fins de Setembro e só acabava em Março e houve um ano que foi até julho!!! Lembra-se? E quando a malta ia á "certela"! "Certela" era uma arte usada por nós nesta zona, para apanhar enguias. Era uma cana com cerca de um metro e na ponta eram postas "minhocas numa linha.Mergulhava-se a ponta da cana na água da ribeira, elas mordiam as minhocas e retirava-se rapidamente a cana da água e a enguia vinha agarrada. Depois era só pola para dentro de uma lata grande ou um guarda chuva aberto virado com as varetas para cima. Sempre que uma enguia mordia o isco se fazia esta operação. Oh senhor António: isto já não é o que era. Está tudo mudado. Olhe: disse o senhor António. Veja as árvores. Já estão cheias de flor. Se vier agora uma trovoada de pedra, vai tudo para o "galheiro". Esta expressão é muito utilizada no meio rural. Quer dizer: "estraga-se tudo". São os tempos. Disse eu. Vai daí, o senhor António: Olhe, pois é,são os tempos e o que me diz a esta coisa de todos os dias assaltarem pessoas idosas e matar mulheres á facada! Oh senhor António. O que é que quer que lhe diga? Pois é senhor Fernando, o mundo está a ficar do avesso. Eu até tenho medo mais a minha Fernandita (é a mulher) de estar em casa á noite!Se esses estupores entram sem eu dar por ela? Eu tenho um pau ao lado da cama, mas se eles entrarem e eu agarrar no pau é pior... Olhe que levem tudo o que encontrarem de jeito, pois o que interessa é as nossas vidas. Isto, se eles nos deixarem vivos. A gente vê tanta coisa... Já viu ali a Srª Emília? Uma vizinha nossa que tinha sido assaltada á pouco tempo.Ela não estava em casa e como é que aquele malvado partiu o vidro da porta e entrou lá para dentro?Já viu? Ninguém está seguro. Lembra-se ainda , quando a gente saía de casa e deixava a chave na porta? Oh senhor António. Eram outros tempos... Agora? O pior é que ninguém parece ligar ao que se passa neste país e a justiça também não ajuda em nada e os nossos políticos também parecem estar pouco interessados...Temos que aguentar! Já agora, diz o senhor António: Vamos é ali dentro. Tenho ali umas "azeitonitas" boas para beber um copo. Então vamos lá! Disse eu. Claro que não foi só um copo nem só azeitonas, foi também presunto para acompanhar. No fim disse eu: Senhor António, vou-me embora senão a minha mulher dá-me com o rolo da massa! Vai ele logo muito depressa: as nossas mulheres são umas santas! Nunca fiar, nunca fiar. Disse eu...E vim para casa um pouco mais alegre.

Já agora, não levei com o rolo da massa...

   Para todos, quero desejar uma ótima semana que se aproxima com tudo de bom.
                 
                                                            SANTA

       


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