07 setembro 2010

“ EMBOSCADA “

    Emboscada, é mais um título de uma poesia do nosso camarada capitão Calvinho, Deficiente das Forças Armadas que também pagou com o seu corpo o tributo que nos foi imposto por uma guerra injusta.
    Camaradas. Ainda hoje, todos nós continuamos a sofrer emboscadas devidamente preparadas por aqueles que tinham obrigação de olhar por todos nós, deficientes e não deficientes. Hoje vim a saber que a L. dos Combatentes vai a caminho de Moçambique (salvo erro) fazer um levantamento e tentar encontrar 700 camaradas nossos que ficaram por lá enterrados ao abandono e que o Estado Português tinha a obrigação de os trazer, simplesmente esqueceram-nos. Bem hajam aqueles que não se esqueceram deles e que vão tentar trazê-los para que as famílias lhes possam dar um sítio digno para que descansem em Paz.
  Aqui vai então o poema: 


Corpos que se arrastam
e se consomem
na suja lama das picadas
e nos estilhaços das granadas
que explodem.
-- Os rebentamentos
são o compasso
tétrico
da sinfonia “Morte” !
--O fogo intenso
cruzado
é o ritmo macabro
no patético bailado.
--Um homem tomba
Ei-lo que jaz
inerte, morto,
vencido!
--Outro homem grita
vendo cair a seu lado
um companheiro soldado:
“Ah grandes filhos da puta”!
“ Mataram o meu amigo”!
( E um rosto de sangue manchado)
                
“ Cambada de terroristas”!
“ Hei-de matar-vos a todos”!
( E um cheiro a sangue queimado)

-- E as lágrimas amargas de raiva
rasgam sulcos vermelhos
num sujo rosto de pólvora!
E uma guerra que se declara:
Não por um povo oprimido
nem por uma Nação ofendida!
Mas por um homem ferido
num labirinto perdido
entre uma morte e uma vida!
….
---Transforma-se o oprimido
em instrumento opressor.
Nasce num peito uma guerra!
E, lá  longe….
Na sua terra
o abutre, o carrasco,
o nazi,
a peste,
enchendo o ventre de carne
escreve:
“DITOSA PÁTRIA QUE TAIS FILHOS DESTES”! 


E agora gostava que o filho do nosso camarada Adriano Matias (o Coruche) já falecido, enviasse para o nosso “Site” ou para o Soares, a sua direcção para poder-mos inseri-lo na nossa lista para poder-mos entrar em contacto com ele e poder-mos enviar o convite para o próximo convívio conforme desejo seu. 
                       
Para todos um grande abraço do Ex. Furriel Santa
                                                  

1 comentário:

  1. Amigo Santa. Infelizmente todos nós, combatentes do ex-ultramar, temos que concordar com a tua opinião sobre a matéria. O "teatro de guerra" é outro mas os abutres são idênticos. Gentes empunhando bandeirinhas, trazendo no bolso latas de sardinhas, são marionetes e peças inconscientes para as guerras sociais orquestradas pelos iluminados que se julgam donos das mentes. Só que hoje o hino e a bandeira são muito mal tratados, não passando de simples meios publicitários de futebol. Um abraço do Paulo.

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