10 julho 2009

"O Monte da Bazucada"


(Enviado pelo Fernando Santa)

Alô Camaradas!


É com alegria que vejo a entrada do Ex. Furriel Paulo no nosso Site. Um abraço para ti. Continua, pois precisamos de recordar coisas passadas (as boas e as más) para se puder viver bem com o nosso espírito, sabendo separar a tristeza da saudade, e misturar um pouco de alegria para não entrar em stress. Cá te espero para o ano em Coimbra para o nosso almoço e já agora aqui vai mais um episódio de guerra para descontrair um pouco: “ O Monte da Bazucada “.
Quem se lembra do “Monte da Bazucada”? Ficava sensivelmente a meio do trajecto entre Lione e Vila Cabral.

Vou relembrar uma situação que se passou com parte do meu pelotão numa certa noite em que regressava-mos de V.Cabral, depois de termos comido um belo frango de churrasco no “ Coelho “.
Já com alguns quilómetros de picada percorridos, eis que nos aproximámos do Monte da Bazucada. Lá longe, no alto do monte duas luzes cintilavam, eram “Turras” à nossa espera, foi a nossa primeira suspeita. O Alferes Alcino deu ordens para apagar as luzes das viaturas e avançar lentamente. Descemos das viaturas, formámos duas colunas, uma pela direita e outra pela esquerda ladeando as viaturas e em andamento lento. A certa altura o Alf. Alcino manda disparar para as luzes, como elas não se apagaram aí vai uma “ bazucada” mas tudo ficou na mesma. Que raio se passa? Continuámos a avançar e o mistério foi desvendado: Eram troncos de árvore arder, resto de uma queimada feita pelos “Milicias”. Não brincávamos em serviço! Julgo que alguém se há-de lembrar deste episódio.

Já disse várias vezes que recordar é viver, tanto o pior como o melhor. Não podemos ficar agarrados aos traumas de guerra, só nos faz mal. Eu próprio lido com falta de memória desde que saí do hospital derivado ao que me aconteceu e que eu aqui já contei. Todos os dias tenho que tomar as drogas necessárias para quando me levanto o meu “ Computador “ funcione como deve ser, e isto é a vida e ela tem que continuar pois só assim camaradas, podemos estar aqui a falar uns com os outros e todos os anos estarmos juntos para beber uns copos. As nossas mágoas, as tristezas as angústias e o que passámos de mau por lá, devem ser guardadas num baú e colocá-lo no sótão do nosso pensamento e então de vez em quando vamos lá com o sentido de relembrar, só isto. A vida tem de continuar.

Deixo aqui um apelo: Escrevam. Bem ou mal, não interessa. Há muitas histórias para contar. Deixo aqui um exemplo: Quem sabe da História dos dentes de Elefante? Do gato em Chala e de tantas outras?

Um abraço para todos do
Ex Fur. Santa


1 comentário:

  1. E aquela do gajo que numa noite escura de Lione lhe deu uma dor de barriga do caraças e teve de ir à pressa junto ao arame farpado "arrear o calhau"!! E com a maior das calmas (qual guerra, qual quê?!)e para não se perder no meio do capim, lembrou-se de levar um petromax para bem iluminar o caminho!!
    Ainda bem que o inimigo não costumava disparar umas valentes bazucadas para qualquer ponto de luz à vista, como fez o pelotão do Santa!
    O amigo Santa no seu melhor! Arte e engenho.

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